Diálogos com a cidade

Ernesto São Thiago: OSX impulsionaria o turismo náutico

O empresário Ernesto São Thiago é um idealista. Diretor de Turismo da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), Ernesto sonha com a Grande Florianópolis recuperando aquilo que sempre teve de melhor, a relação íntima com o mar. Polêmico, ele esteve à frente da batalha pelo estaleiro da OSX em Biguaçu, perdida na última terça-feira. Conversamos com o empresário sobre este e outros temas relacionados ao mar.

Notícias do Dia – Por que a sua obstinação pela atividade marítima?

Ernesto São Thiago – O que me move em favor da navegação é a mentalidade marítima, a visão de quão importante o modal marítimo é para o desenvolvimento da nossa região, especialmente no turismo.

ND – Mas por que há tantos obstáculos legais para que isso seja possível?

Ernesto – Ora, essa é uma questão ambiental. O modal marítimo polui muito menos e custa muito menos do que o modal rodoviário, tanto para implantar quanto para operar.

ND – Insistimos: por que há tanta dificuldade para se lidar com a questão ambiental nesse campo?

Ernesto – Será que, se os supostos “ambientalistas” fossem analisar a abertura ou ampliação de uma rodovia, ou o tráfego sobre elas, com a mesma maximização do risco à saúde humana com que se debruçaram sobre a dragagem do canal Norte, alguma estrada estaria ainda aberta ou sendo implantada?

ND – O que a região da Capital perdeu com a desistência da OSX?

Ernesto – Perdemos a chance de ganhar uma hidrovia que dificilmente o poder público poderá implantar, em função do custo elevado. Isso impulsionaria o turismo náutico e de cruzeiros na Grande Florianópolis, assim como o iatismo e o retorno das empresas de pesca industrial, que perdemos pelo assoreamento do Canal Norte.

ND – E o estaleiro em si?

Ernesto – A OSX tinha um belíssimo plano de sustentabilidade, que poderia proteger os golfinhos, ameaçados de extinção, e resgatar a Baía Norte; e os pescadores artesanais e maricultores também seriam beneficiados com o empreendimento, pois receberiam qualificação por meio de ações sociais da companhia.

Gol é Orgasmo

O jornalista Celso Vicenzi (esquerda), autor de “Gol é Orgasmo” autografa o livro editado pela Unisul para o jornalista Laudelino Sardá, diretor de Comunicação da Universidade do Sul/SC, na concorrida noite de autógrafos de quinta-feira, realizada na Saraiva-Iguatemi.

Consciência

Uma loja do centro de Florianópolis vai apresentar sua ousadia neste sábado: uma faixa preta apelará à consciência coletiva no Dia da Consciência Negra. Além disso, na loja Planetta manequins negras estarão sem roupas e de costas na vitrine como forma de desconstruir o preconceito que ainda persiste sobre os negros e trazer à tona a reflexão sobre o que este dia representa.

Inclusão digital

Bela iniciativa do deputado Valdir Cobalchini (PMDB): uma emenda ao orçamento do Estado pretende ampliar o programa de inclusão digital da Secretaria de Estado de Educação. Cobalchini quer todas as escolas com internet wireless e todos os professores com um notebook. O Estado tem cerca de 25 mil professores, que serão beneficiados pelo programa, caso a emenda seja aprovada.

Displicência

Informação que chega à coluna dá conta da displicência de alguns carteiros que atuam em Florianópolis. Segundo um cidadão, os profissionais dos Correios têm o costume de simplesmente largar a correspondência sobre uma grade, quando o estabelecimento comercial destinatário funciona o dia inteiro. “Falta de consideração e noção das suas funções é pouco para descrever essa situação absurda”, protesta.

Mais segurança

A prefeitura de Florianópolis vai escolher, em licitação, a empresa responsável pela ampliação da rede de fibras óticas entre os bairros de Coqueiros e Abraão, para interligação de 11 câmeras e uma central de monitoramento.

Mix do mercado

A audiência pública para apresentação do novo mix de ocupação e comercialização do Mercado Público de Florianópolis vai ser realizada na próxima sexta-feira, no auditório do Conselho Regional de Contabilidade. Na última quinta-feira os membros da comissão que elaborou o novo mix realizaram mais um encontro para ajustar os detalhes finais, antes da audiência.

Música

Antigas bandas musicais de Florianópolis sobrevivem ao tempo e à modernidade, com apoio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes: Sociedade Musical Filarmônica Comercial e Sociedade Musical Amor à Arte.

Descartáveis

O Diário Oficial do município costuma publicar editais de licitação para aquisição de milhares de copos plásticos descartáveis. Órgãos públicos precisam seguir o exemplo sustentável criado pela Comcap. A empresa responsável pela coleta do lixo na cidade eliminou o consumo de copos descartáveis em seus ambientes administrativos e operacionais. Os empregados ganharam uma caneca de alumínio, que tem a seguinte inscrição: “Recicle seus hábitos. Produza menos lixo”.

Imobilidade

Do atento – e impagável – Paulo Stodieck, a propósito de nota publicada aqui ontem, sobre a paralisia urbana prevista para 2011: “Se a imobilidade em Florianópolis vai ser ampla, geral e irrestrita, sugiro que os técnicos do Ipuf já comecem a estudar a implantação da Zona Azul sobre as pontes Pedro Ivo e Colombo Salles…”.

Equívocos

Leitor escreve para dizer que tem caroço nesse angu da Zona Azul nas praias. E explica: o fracasso do processo de informatização do sistema, que deixou a prefeitura refém da empresa contratada. Ou seja, o Ipuf está tendo que honrar o contrato, arranjando mais serviço e pagando 25% do que é arrecadado para a empresa. O caso está sob investigação pelo Ministério Público.

* * *

Além de toda a gravidade dessa situação, o leitor aponta ainda algumas consequências inacreditavelmente sucupirianas: os monitores da Zona Azul trabalham nas ruas, com salários pagos pela Aflov, o Ipuf continua imprimindo os tíquetes de estacionamento e a empresa contratada para informatizar o sistema… leva a sua parte na movimentação financeira.

Tem mais

Ainda sobre a Zona Azul nos balneários: o argumento de vereadores governistas, de que a implantação do sistema seria uma exigência do processo de certificação Bandeira Azul – que qualifica as melhores praias do mundo –, não é verdadeiro. Nenhum dos 32 quesitos da Bandeira Azul menciona estacionamento pago. A coluna dispõe de cópia do documento.

Apagão

O Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) da Grande Florianópolis vai promover reunião, no dia 24 deste mês, para discutir um tema explosivo: o risco de paralisação das atividades do setor, por conta da falta de mão de obra. Há construtoras com cinco empreendimentos ao mesmo tempo que não têm pessoal suficiente para tocá-los: precisam fazer rodízio de empregados.

Leite derramado

O prefeito José Castelo Deschamps (Biguaçu), o senador eleito Luiz Henrique da Silveira e o governador eleito Raimundo Colombo vão ao Rio de Janeiro na segunda-feira, para dirigir apelos ao empresário Eike Batista, no sentido de que ele mantenha o foco da EBX em Santa Catarina, especialmente em Biguaçu.

A desculpa

“Pontualidade”. Eis uma palavra que caiu em completo desuso na Grande Florianópolis. O leitor tem um compromisso às 16h no Continente? Saia de casa ou do escritório às 14h30, se quiser chegar no horário. Mas, se atrasar, sempre tem a boa justificativa de dizer – “A culpa é do prefeito”.

9 comentários sobre “Diálogos com a cidade

  1. O @ernestofloripa foi bem mais educado e deixou a baixaria do twitter de lado nessa entrevista. Porém, sua visão de sustentabilidade ecotecnocrática não me parece garantia de herança para futuros habitantes. Sua preocupação é com os cruzeiros que não vão abrilhantar a beira mar norte ou com um serviço de transporte marítimo público? Como grande parte da propriedade privada, seu discurso lamenta o que perdeu, nos lucros, mas não analisa o que ganhou, no bem estar social. Não são 2,5 bilhões de investimentos em contruções de plataformas de petróleo que vão garantir desenvolvimento humano para populações futuras, mas sim políticas públicas de melhorias de base. Agora, isto pouco lucro dá. Eike podia investir nisso, com certeza teria mais apoio popular, não só do empresariado atrás de (seu) desenvolvimento econômico.
    Tchau.

  2. O Ernesto sobrenome de santo mas não tem nada de santo; não está nem aí e nem liga pra Biguaçu, o negócio dele é o canal baía norte ser dragado .
    Quem dá as cartas é o ICMBio. Se não pode dragar , não pode; ponto final!!

  3. Uma parte da entrevista me lembrou uma parte do EIA/RIMA do Estaleiro. Brevemente:
    Palavras bonitas: a maricultura iria se desenvolver, pois os maricultores teriam melhor capacitação!
    O problema: a maricultura seria diretamente afetada. Não havia áreas para ela.
    Ou seja, teríamos maricultores mais capacitados para manejar uma maricultura inexistente.

    O RIMA (ao menos na parte ambiental e na de trânsito, as quais li mais atento) davam medidas compensatórias assim. Sem relação entre o problema a ser gerado e a solução para esse mesmo problema.

    O caso dos golfinhos foi assim. O discurso era belo: se há 4 pressões sobre eles, far-se-ia com que a união de uma nova pressão, esta advinda do estaleiro, resultasse em apenas 3 pressões. A idéia, a bem da verdade, teoricamente é possível. Mas não com as medidas compensatórias propostas no EIA/RIMA. Como pode se considerar um plano de ação o monitoramento da população de golfinhos, se que este, no máximo, permite avaliar a ocorrência de prejuízos a esta população, sendo que o principal, a ação a ser de imediato implantada em caso de perturbação a essa população, mal foi esboçado?

  4. Sr. Ernesto,
    Percebo como o sr é SORTUDO, ou muito influente dentro da Marinha do Brasil.
    DOIS ÍNFIMOS pescadores são autoados na Baía por falta de uso de colete salva vidas.
    Por ACASO o sr. também foi autoado no momento desta foto q aparece aki nesta matéria???
    Bons ventos

  5. Bem faz o Eike em se mandar de Florianópolis. Essa terra vai continuar atrasada. Talvez seja a única ilha no mundo em que os moradores não gostam do mar, não usam o mar pra se locomover, pra ganhar dinheiro, nada. A mentalidade anti-capitalista predomina. Precisam dar um pulinho aqui em British Columbia.

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