Coluna de quinta (28/10)

Cidade sem passado

A professora e jornalista Maria José Baldessar relata que morou durante muitos anos na Rua Esteves Júnior. “E, dia a dia, vimos os casarões sendo colocados abaixo nos finais de semana. Quem mora por ali há mais tempo lembra do episódio da jaqueira que foi ‘tosqueada’ durante a madrugada e só não foi abaixo por causa de um morador da vizinhança. Ela está lá: espremida entre o prédio e a garagem, resistindo. Bem ao lado da Casa do Bispo”.

Maria José agora mora em outra rua, onde há outra jaqueira maravilhosa. “Quero ver até quando resiste e quem vai defendê-la. A prefeitura? Duvido. É isso: nada tem valor. Vamos viver numa cidade sem passado! É muito triste!”.

Omissão

Atento leitor da coluna enviou mensagem citando o artigo 167 do Plano Diretor de Florianópolis: “A concessão de licença para demolição de edificações construídas há mais de 30 (trinta) anos dependerá de anuência prévia do órgão municipal competente para a preservação do patrimônio histórico”. Era o caso do Edifício Mussi, construído em 1957. E é bom lembrar que o Plano Diretor em questão está em vigência. Mas a lei, em Florianópolis… vocês sabem, não vale muito.

Verbas sociais

A definição de uma estratégia conjunta para maior controle sobre o destino das verbas sociais foi um dos temas tratados entre o padre Vilson Groh (foto) e a diretoria executiva da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), na terça-feira. Segundo Groh, um volume considerável de recursos é destinado por empresas para fundos públicos e estes nem sempre chegam ao seu destino. “Uma prioridade hoje é profissionalizar essa massa de adolescentes que pode ser seduzida pelo tráfico de drogas”, afirmou o religioso.

Insegurança

Uma semana depois de um encontro com responsáveis pela segurança pública do estado, diretores da CDL de Florianópolis continuam preocupados com a onda de violência na Capital. Somente ontem, três postos de gasolina foram assaltados na mesma noite, isso sem falar de roubos a residências e homicídios que passaram a ser rotina na vida dos moradores da cidade. É preciso fazer algo com urgência, antes que a situação saia do controle.

Marreta

A polêmica da hora no bairro de Coqueiros, considerado um dos melhores lugares para se viver em Florianópolis, é sobre a oferta de venda, por R$ 1 milhão, do trapiche localizado na Praia da Saudade. A auto-intitulada proprietária da área, inclusive, já avisou que nos próximos dias pretende fechar o acesso ao local, onde funcionou o lendário Restaurante Arrastão, do jornalista Manoel de Menezes.

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Já tem morador com a marreta preparada para usar caso o fechamento do trapiche, ponto de encontro do bairro desde a década de 1950, realmente se concretize.

Cidadania

Marcada para amanhã, às 8h30, a apresentação da nova Praça Celso Ramos, inteiramente repaginada graças a uma parceria entre a WOA Empreendimentos Imobiliários, a prefeitura de Florianópolis, a ONG FloripAmanhã e a Amapraça. Diretores da WOA – formada pelas empresas Koerich Imóveis, Zita Empreendimentos Imobiliários e Lojas Koerich – receberão a imprensa no Hotel Majestic para um café e, logo a seguir, entregarão as obras.

Pioneirismo

Oswaldo Kersten, que mora em Florianópolis, enviou mensagem ao prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt (PMDB), cumprimentando-o pela determinação em implantar o transporte marítimo naquele município. Ele considera que a medida dá exemplo para a Capital, porque “desobstrui as rodovias e melhora a qualidade do transporte, tornando-o mais rápido, prazeroso e turístico”.

Antiguidades

A universidade Federal de Santa Catarina promove neste fim de semana o 8º Encontro de Veículos Antigos, 4º Encontro de Motonetas de Florianópolis e 8º Encontro Fusca Floripa, das 9 às 18 horas. Uma ótima oportunidade para revermos os possantes que marcaram nossas infâncias ou a vida dos nossos pais e avós, nuns tempos em que os carros eram muito lindos e estilosos e a palavra mobilidade era apenas um vocábulo do Aurélio – e não a palavra recorrente do nosso desespero no trânsito.

Tinta – O vice-prefeito João Batista Nunes recarregou sua caneta com tinta nova: voltou ontem para a Secretaria de Transportes, de onde só saiu, formalmente, para disputar a eleição à Assembleia Legislativa.

Conta – Mudar a Capital, como andam dizendo por aí, é ideia de jerico. Brasília custou o déficit da Previdência Social. Conta que jamais será paga.

Histórico – Houve um movimento, há uns 20 anos, para tirar de Florianópolis a condição de Capital. Foi derrotado na Assembleia Legislativa graças à ação do então deputado Sérgio Grando (PCB, hoje PPS), a quem devemos sinceras homenagens.

Regras – Não tem que mudar a Capital de lugar. Tem que é que cumprir as regras em Florianópolis, cidade que tem leis raramente observadas pelas autoridades e empreendedores.

Cochilo – Leitores sempre atentos enviam críticas, sugestões e também correções. Grato ao Luiz Carlos C. Souza, que corrigiu a legenda equivocada de uma foto publicada ontem. A concordância da frase caiu no caminho entre a escrivaninha deste colunista e a finalização editorial. Acontece.

Empreendedores – Assaltos, assaltos, assaltos: os bandidos nunca foram tão ousados. E são “empreendedores” natos, porque percebem grandes oportunidades de mercado, abertas pela falta de policiamento na Grande Florianópolis.

Parvo – Operação de transporte de valores parou o centro da Capital ontem à tarde. Um grande aparato policial, estadual e federal, garantiu a segurança da grana. Mas o cidadão que estava ao volante de seu automóvel, parado no congestionamento, sentiu-se um parvo.

Aumento – Não há quem não reclame na cidade quanto à decisão da Câmara Municipal, que aprovou sem discussões as modificações no recolhimento do IPTU. Na prática, a cidadania está convencida de que as mudanças representam o aumento do imposto.

6 comentários sobre “Coluna de quinta (28/10)

  1. Mudar a capital para outro lugar tem custo incompatível com a escala de prioridades do Estado de Santa Catarina. Se o problema é o inchaço da Ilha – e realmente ela já não suporta mais qualquer tipo de obra – que se faça, então, da Grande Florianópolis a capital de SC. Seria, inclusive, uma forma de turbinar as pequenas cidades que formam a Grande Florianópolis, transformando-as em locais dignos de seus habitantes.

  2. Finalmente alguém falou o absurdo que é mudar as regras do IPTU, afetando quem, como eu, já tinha tudo planejado para pagar com o desconto de 20% somente em março/2011. Se eu ainda tivesse uma rua decente, que não alaga quando chove, nem reclamaria tanto. Mas pagar o que eu pago de IPTU (dá um carro zero por ano) e não ter nada em troca é revoltante. Ainda bem que faltam apenas 2 anos para essa praga de prefeito sair da nossa cidade. Forasteiro de quinta categoria.

  3. EXISTIA UMA LINDA JAQUEIRA, NA AV. TROMPOWYSKI, NA RESIDÊNCIA DE UM EX GOVERNADOR. HOJE ESTÁ SÓ NO TRONCO, A “PODA” FOI GRANDE.ATÉ QUANDO A VALENTE JAQUEIRA SOBREVIVERÁ? OUTRAS ÁRVORES CENTENÁRIAS, QUE AINDA VIVEM POR ALI, LOGO, SERÃO “PODADAS”. QUEM VIVER VERÁ… TUDO EM NOME DA GANÂNCIA E DO “CRESCIMENTO” IMOBILIÁRIO DA CAPITAL.
    MARIO PACHECO
    PUBLICITÁRIO E RRPP

  4. Caro Damião ! Vivi na época, o episódio da jaqueira, na Rua Esteves Junior. Morava
    ao lado. O valente vizinho que enfrentou os abobados, evitando o corte, chama-se
    Luiz Osvaldo Coelho – Engenheiro Agronômo, hoje aposentado ! Continua morando
    lá ! Edificio Dona Marta !

  5. Sr. Damião, a respeito da preservação da história da nossa cidade, posso dizer que fico apreensivo com o destino que está sendo preparado para a área verde particular próxima a Infantaria Motorizada do Exército, na região da Bocaiúva. Pelas imagens aéreas fica evidente a falta de espaços verdes na área central.

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