Coluna de 22 de fevereiro

Insegurança

A posse dos novos agentes penitenciários, hoje, não resolve o problema das centrais de polícia e delegacias. O que está faltando para que o governo construa o cadeião da Grande Florianópolis?

Túnel ou ponte?

Um estudo técnico preliminar encomendado pela prefeitura de Florianópolis à Enescil Engenharia de Projetos revela que a alternativa de construção de um túnel ligando a Ilha de Santa Catarina ao Continente representaria o dobro do custo de uma nova ponte. Conforme a empresa consultada, uma ponte a 150 metros da Hercílio Luz, com moderna concepção arquitetônica (estaiada), custaria cerca de R$ 330 milhões.

Além de significar um investimento de quase R$ 700 milhões, o túnel apresentaria ainda outras desvantagens, como a manutenção: iluminação durante 24 horas, ventilação forçada, sistema de bombas elétricas para esgotamento de água, sistema de alarme contra incêndio e segurança policial para ciclistas e pedestres. Teria também um desconforto: muita gente não entra em túneis porque sofre de claustrofobia.

Novo símbolo

Outro detalhe importante em relação à nova ponte seria a possibilidade de criação de um novo símbolo de Florianópolis, alinhado de maneira harmônica com a Ponte Hercílio Luz. Diferente da situação atual, já que o conjunto formado pelas pontes Colombo Salles e Pedro Ivo seguiu um projeto que era muito comum no regime militar – o concreto puro e simples, sem arrojo arquitetônico.

Menos farra

Uma liderança municipal da Grande Florianópolis observa que as ocorrências de farra-do-boi diminuíram nos últimos anos em algumas comunidades, não apenas por causa da repressão policial. “Certas áreas mais urbanizadas já não têm condições de realizar a brincadeira, embora de vez em quando apareçam animais e farristas perdidos nos maiores aglomerados”, avalia.

Criação própria

A mesma liderança percebe que em alguns locais a farra é mantida com animais criados para essa finalidade, dentro da própria comunidade. “Com isso, os farristas evitam o transporte dos bois, dificultando o trabalho policial de apreensão”, diz. “Aliás, isso faz com que também diminua a repercussão na mídia, que se ocupa mais em divulgar a realização de barreiras”, finaliza.

Plantão de polícia (1)

Funcionou bem no sábado o novo esquema de trabalho da Polícia Militar nos terminais de ônibus, em especial dos bairros mais movimentados e do Centro. Ontem, porém, o colunista foi ao Ticen para conferir: não havia PMs na área do terminal, apenas os vigilantes privados circulavam pelas plataformas.

Plantão de polícia (2)

O colunista percorreu as imediações do Ticen e perguntou a ambulantes que trabalham no local sobre a presença da PM. “Eles passaram um bom tempo no sábado dentro de duas viaturas; hoje (ontem) pela manhã eles apenas conferiram o movimento e foram embora. À tarde não apareceram PMs. Logo no domingo, que é o pior dia para nossa segurança”, relatou um dos ambulantes.

E a (sumida) Guarda?

Se a PM voltou às ruas para cumprir seu papel, o mesmo não se pode dizer da Guarda Municipal. Os guardas simplesmente sumiram das vias centrais de Florianópolis. Nem para multar veículos eles aparecem. Não que façam muita falta, mas a sociedade – que paga seus salários e a infraestrutura da corporação – quer vê–los marcando presença nos terminais, nos calçadões e em frente às escolas.

Cartão postal

A “morte” urbana da região central de Florianópolis parece ser calculada. Os moradores não dispõem de cinemas, nem qualquer tipo de vida noturna, e muito menos atrações culturais: os museus fecham nos finais de semana. Na única lanchonete aberta na Praça 15, cercada por mendigos e bêbados, o dono tem uma definição: “Eles (os moradores de rua) são o cartão postal do Centro”.

E a revitalização?

No ano passado foi formada uma Comissão de Revitalização do Centro Histórico da Capital. Houve várias reuniões, com a participação de entidades não-governamentais – um dos encontros foi na sede da CDL – e representantes de órgãos públicos, como a Fundação Catarinense de Cultura, Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), entre outros.

Trabalho pesado

O que se sabe é que a Comissão de Revitalização do Centro Histórico não evoluiu porque depende de providências da prefeitura e do Governo do Estado. Sem a limpeza adequada das praças e das ruas, retirada completa dos moradores de rua e policiamento 24 horas não será possível garantir vida nova a uma região que, por incrível que pareça, é densamente habitada.

Nem turismo ajuda

Há centenas de moradias térreas e dezenas de prédios residenciais em toda a região central de Florianópolis, da Praça 15 à Avenida Osmar Cunha, aos altos da Felipe Schmidt, à Hercílio Luz e Mauro Ramos. Não há nada que justifique o abandono da região por parte do poder público, que simplesmente ignora o Centro, até como ponto de parada de excursões turísticas.

Sessões duplas – Câmara Municipal de Florianópolis volta ao trabalho com força total nesta segunda-feira. Até quarta, serão realizadas sessões duplas, para compensar os três dias úteis da semana do Carnaval.

Jornalismo – Foi enterrado sábado, em Florianópolis, o corpo do jornalista, ex-deputado e advogado Roberto Mattar, um dos executivos dos Diários Associados em Santa Catarina nas décadas de 1960 e 1970. Foi também diretor do Jornal de Santa Catarina.

Inferno astral – O Democratas vive o seu inferno astral. Depois de José Roberto Arruda (DF), agora é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, cassado pelo TRE, mas que fica no cargo até o julgamento do mérito.

Segurança – Leitor Jaime de Assis Folster lembra que outro evento cujo caráter foi privado, “mas que utilizou um esquema de segurança oficial comparado ao de um chefe de Estado, foi a apresentação da cantora pop Beyoncé em Florianópolis”.

Prefeito – O titular foi ali e já volta: quem está no poder, em Florianópolis, é o vice-prefeito João Batista Nunes. Dário Berger viajou para Seul, Coreia.

8 comentários sobre “Coluna de 22 de fevereiro

  1. O que está faltando para que o governo construa o cadeião da Grande Florianópolis? – Está faltando morrer algum político ou algum filho de político nas mãos de presos foragidos ou fugitivos. Enquanto a água bater apenas na nossa b****, e não na deles, nada será feito.

  2. A “morte” urbana da região central de Florianópolis – Deve ser proposital para que os moradores abandonem a área e a prefeitura tenha uma desculpa para demolir os prédios antigos e deixar construir grandes edifícios, com muito concreto.

  3. 3- COMENTARIOS
    1- A SEGURANÇA NESTA CIDADE E NESTE ESTADO NÃO EXISTE. QUANDO MORRER UM MEDALHÃO ELES FARAM SEGURANÇA MESMO.
    2-MORADORES DE RUA TOMARAM O CENTRO DA CIDADE E NIGUEM FAZ NADA.
    3-ONDE ESTA O DINHEIRO DAS FESTAS DE NATAL; QUEM FICOU COM ELE QUEREMOS SABER .POIS NOS PAGAMOS IMPOSTOS. E COM DINHEIRO NÃO SE BRINCA

  4. É um completo absurdo que áreas de grande circulação, como terminais urbanos e rodoviários, ou mesmo praças, não tenham uma fiscalização efetiva. Confiam que as câmeras irão dar conta do recado? Mas isso é apenas uma reação ao ato criminoso, onde está a prevenção? Somente o patrulhamento ostensivo irá espantar criminosos e desocupados desses locais, prevenindo ocorrências e permitindo que voltem a ser ocupados pela população.

  5. Caro Damião, em vez de pontes,tuneis, porque não usam utilizam o transporte maritimo como é efetuado em Lisboa (Portugal), resolveria toda a pendenga………

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