Coluna de hoje (quarta)

Trinta anos de amadorismo

A pré-temporada, representada pelo feriadão de Finados, já deu o tom do que será a alta temporada, entre dezembro e março: muitos engarrafamentos pela cidade inteira, paciência e mais paciência para chegar às praias, preços exorbitantes, ambulantes agindo sem qualquer repressão e, claro, criminosos de todas as partes chegando à Capital para aproveitar a liberdade reinante.

Empresários do setor turístico – uma imensa cadeia produtiva, que vai da lanchonete da esquina aos resorts internacionais – estão naturalmente preocupados. O marketing oficial vende Florianópolis como destino de qualidade, mas a cidade continua não correspondendo ao que é divulgado no material promocional. Aliás, tem sido assim desde que o turismo se tornou o mote econômico da cidade, no início da década de 1980.

Sem lei

Acredite, leitor: há boxes do Mercado Público municipal que pagam a quantia de R$ 400 a título de aluguel para a prefeitura. Comparando com o mercado privado em geral, um espaço naquele privilegiado local, pouco importa a área ocupada, custaria, por baixo, uns R$ 3 mil ao mês.

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Tem mais: apesar do baixo valor, muitos comerciantes simplesmente não pagam pela ocupação dos boxes. Aliás, um escândalo quase secular.

Silveira de Souza

A Escola Silveira de Souza (foto), localizada num dos pontos mais nobres de Florianópolis – a Rua Alves de Brito –, está fechada. A área do antigo grupo escolar, o quinto a ser construído em Santa Catarina (1913), é um dos lugares mais agradáveis da região, conservando inúmeras espécies de árvores, inclusive duas jaqueiras. Na vizinhança, ninguém sabe o que funciona no local.

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A área pertence ao governo do Estado e moradores e comerciantes temem que o abandono possa representar um mau sinal para o futuro desse patrimônio histórico e natural da cidade.

Patrono

A construção do Grupo Escolar Silveira de Souza integrou uma política do governo de Vidal Ramos, considerado o patrono da educação catarinense. Além de espalhar escolas públicas pelos principais municípios, Vidal doou sua chácara particular – a Vila Pamplona – para funcionamento do ginásio dos jesuítas, o Colégio Catarinense, inaugurado em 1915.

Exemplo

Além de ter se tornado o primeiro órgão público a produzir e utilizar energia limpa (eólica) para garantir suas atividades, a Câmara Municipal de São José tem desenvolvido uma intensa campanha para livrar os rios do município das ações humanas predatórias, como o lançamento de dejetos domésticos, derivados de petróleo e outros poluentes. Câmara abriu espaço para a população participar, não só em sua sede, mas também em seu portal.

Procedência

Jornalista Mário Medaglia indaga: “Alguém sabe qual é a bandeira daquele posto de gasolina que bagunça o trânsito da Avenida Mauro Ramos? Toda vez que fico retido nas proximidades daquela esculhambação aproveito para tentar descobrir de onde vem o combustível vendido ali. Ainda não consegui”. Não tem bandeira, Mário. É a bandeira do dono.

Próxima praça

A prefeitura de Florianópolis já definiu qual a próxima praça do Centro a ser revitalizada. Será a Getúlio Vargas (foto), localizada no antigo bairro Mato Grosso, em frente ao comando geral da Polícia Militar. O poder público deve, mais uma vez, contar com parceria da iniciativa privada, a exemplo do que aconteceu com a Praça Celso Ramos, inteiramente repaginada e que será devolvida à comunidade num dia especial de lazer e cultura, promovido pela WOA Empreendimentos Imobiliários, neste sábado.

Palestinos – A Câmara de Vereadores de Florianópolis deve realizar uma sessão comemorativa ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Proposta do vereador Ricardo Vieira (PCdoB) será apresentada hoje.

Colônia – É interessante observar que a capital catarinense tem hoje uma expressiva colônia de palestinos, formada na região do Mercado Público e ruas Conselheiro Mafra e João Pinto. Eles fugiram do Oriente Médio em busca de paz em Florianópolis.

Ambiente – Ainda na Câmara da Capital, está para ser votado projeto do vereador Aurélio Valente (PP), que obriga postos de combustíveis, lava-rápidos, transportadoras e empresas de ônibus a instalarem equipamentos de tratamento e reutilização de água.

Pé atrás – Verão chegando, dias belíssimos, e os moradores de alguns balneários já começam a se preocupar com a invasão dos turistas mal-educados, que tratam nossas praias como quintal ou chiqueiro.

Desordem – Em Jurerê Internacional, por exemplo, o problema é com a desordem urbana, invasão (ou obstrução) de garagens e a sujeira, muita sujeira espalhada pelos visitantes porcos.

Precariedade – Se a temporada é boa para muitos, para outros, a maior parte da população, é um inferno. Não pela atividade turística em si, mas pela ausência de infraestrutura e de ações pontuais ou permanentes do poder público.

Ensaio – Ontem tivemos uma prévia da zona que se ensaia nas praias: um restaurante se apropriou da areia da Joaquina para instalar mesas e cadeiras. Diante dos protestos dos banhistas, a PM apareceu e acabou com a farra do empresário abusado.

Feriados – E quem acha que feriado pouco é bobagem, tem mais um feriadão neste mês: dia 15, uma segunda-feira. Menos mal que não tem um dia útil no meio.

Tranqueira – Já tem gente lançando concurso para escolher a imagem fotográfica que melhor retrate os engarrafamentos em Florianópolis. Não se trata de fina ironia do colunista, é fato: o certame foi anunciado ontem, no twitter de uma empresa da Capital. A que ponto chegamos.

4 comentários sobre “Coluna de hoje (quarta)

  1. Acho ligeiramente estranho a WOA estar/ser escolhida nesse negócio de revitalização de espaços urbanos. Houve licitação ou ela foi escolhida ao puro esmo? Sabe como é o histórico da prefeitura nesses projetos…

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