Coluna de terça (24 de agosto)

A cidadania humilhada

A paralisação parcial de serviços públicos, em especial aqueles considerados essenciais, resulta em sofrimento e prejuízo para a população. O mais grave de todos os prejuízos é a humilhação pública e sistemática, como aconteceu ontem, por exemplo, na emergência do Hospital Infantil Joana de Gusmão. Mães e pais com filhos doentes – inclusive com suspeita de sarampo – esperaram de quatro a cinco horas por atendimento. Ninguém me contou. Estive lá para ver a situação de perto e vi gente cansada, triste, desanimada, indignada.

O mais odioso é que não há um serviço de informações, alguém que possa dar explicações – merecidas – às pessoas que buscam socorro médico. A justificativa para aquele cenário de dor e caos foi fornecida por uma enfermeira, depois que me apresentei como jornalista: a greve dos médicos residentes estaria causando o acúmulo de pacientes na emergência. Uma justificativa fria, racional e insensata: ora, se os residentes estão em greve, por que o Estado não convoca outros profissionais, de forma emergencial, para garantir a qualidade de vida de sua gente?

Sem explicações

Busquei informações oficiais sobre o caos na emergência do Hospital Infantil Joana de Gusmão. Telefonei no fim da tarde para a administração do estabelecimento de saúde. A resposta direta e objetiva: o responsável pelas explicações já tinha ido embora e ninguém mais estaria autorizado a justificar a situação.

Gente feito gado

O fato é que, sendo mesmo a greve dos médicos residentes a causa para o mau atendimento no Hospital Infantil, não há qualquer razão sensata para que a cidadania seja submetida a tanta humilhação. Enquanto escrevia sobre o caso, lembrei da música de Zé Ramalho, Admirável Gado Novo, no trecho que diz: “Vocês que fazem parte dessa massa/ Que passa nos projetos do futuro / É duro tanto ter que caminhar /E dar muito mais do que receber…”.

Alternativa

Na falta de alguém para dialogar sobre saúde pública e cidadania, busquei socorro com o médico João José Cândido da Silva, profissional dos mais gabaritados do Brasil, que é secretário municipal da Saúde em Florianópolis. João José indicou as UPAs (unidades de pronto atendimento da prefeitura), do Sul e Norte da Ilha como estabelecimentos que atendem a população com eficiência, rapidez e qualidade. “São cerca de 500 atendimentos por dia”, observou.

* * *

As UPAs dispõem de dois clínicos gerais, dois pediatras, um cirurgião e um dentista, durante 24 horas. Além disso, têm 12 leitos de observação.

Lenha

Leopoldo Pellin Jr. põe lenha na fogueira: além de serem fantasmas, as viaturas colocadas em pontos estratégicos de Florianópolis também apresentam películas com escurecimento acima do permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro. Deve ser para aumentar a sensação de segurança, meu caro Leopoldo.

Sustentabilidade

Projeto Pedra Branca – urbanismo sustentável – foi apresentado ontem pelo presidente do empreendimento, Valério Gomes Neto, a empresários de Joinville. Ideia de Valério é multiplicar empreendimentos sustentáveis em Santa Catarina, através do Investing Santa Catarina.

Saneamento

Foi entregue ontem à noite a ordem de serviço para implantação da rede coletora de esgotos na Bacia do Itacorubi, abrangendo todos os bairros da região. Vice-prefeito João Batista Nunes considera esta obra como uma das vitórias mais importantes da comunidade local, que há anos reivindica saneamento básico para os bairros.

Prost!

São Pedro de Alcântara já está preparando a 10ª Oktobertanz, evento que abre oficialmente o circuito das Oktoberfestas, no último fim de semana de setembro (25 e 26). Uma das atrações será o jantar dançante (sábado), com gastronomia típica. Além das iguarias e do chope, também muitas atividades culturais, como danças (foto) e competições tradicionais.

Solidariedade

Acontece amanhã às 20 horas a oitava edição do Festival do Estrogonofe Maria de Lourdes Tancredo, no Clube Doze de Agosto. A receita do evento é revertida para compra de roupas, agasalhos, kits de higiene e outras necessidades básicas dos cerca de 600 pacientes carentes que, oriundos do interior do Estado, passam todos os anos pelos cuidados de voluntários que atuam na Ala Oncológica Joana de Gusmão, do Hospital de Caridade.

Contestação – O leitor João Frederico H. Leite assinala, a propósito das ações da Floram, referidas aqui ontem: “Tomar atitudes contra os pequenos é fácil, só que a lei é para todos e até o momento contra os maiores grileiros, conhecidos de toda a população da nossa querida Floripa, o pavão não tomou atitude nenhuma. É pura promoção”.

Getulistas – Trabalhistas históricos vão se reunir às 11 horas de hoje, na Praça Getúlio Vargas, em Florianópolis, para homenagear a memória do ex-presidente Getúlio Vargas, na passagem dos 56 anos de sua morte.

Salva-vidas – Homero Gomes, secretário executivo de Turismo de Florianópolis, anuncia: 220 homens trabalharão como salva-vidas nas praias da capital catarinense durante a temporada 2010-2011.

Água – Segundo Homero Gomes, a prefeitura e a Casan também vão garantir o abastecimento de água no verão – 15 caminhões-pipa serão contratados.

Descanso – Muitos telespectadores sentiram um vazio prazeroso no domingo. Por se tratar de um dia consagrado biblicamente ao descanso, não houve a interrupção da programação televisiva para veiculação do horário eleitoral – apenas as inserções pontuais.

De volta – Policiais militares voltaram a circular pelo Centro. Da mesma forma que da outra vez, quando a RIC-Record e o Notícias do Dia denunciaram as viaturas fantasmas. Até quando?

Recesso – A Assembleia Legislativa está com atividades plenárias paralisadas. É um caso bem diferente da Câmara de Florianópolis, porque a maioria dos parlamentares estaduais concorre à reeleição. Os que não se reelegerem, voltam depois de 3 outubro para as despedidas.

3 comentários sobre “Coluna de terça (24 de agosto)

  1. Damião, quer ver cidadania humilhada? Veja esta nota do Colégio de Aplicação da UFSC (ou o CA, como me habituei a conhecer):
    “Srs/as Pais e Mães, Estamos passando por um momento de falta de professores, cuja contratação é impossibilitada pela lei eleitoral. A Direção do CA está envidando todos os esforços para superar rapidamente esta situação, que sabemos, está presente em todas as universidades. Dos 16 Colégios de Aplicação, 14 estão com dificuldades de contratar professores substitutos.” (http://www.ca.ufsc.br/ca/noticias/ver/?id=199)
    Estudei no CA em toda a minha vida escolar. Considero uma vergonha que uma instituição tenha de depender de professores substitutos para ensinar. Mais grave é que se trata de uma referência em Florianópolis, quando se trata de ensino público. Em que situação estariam, então, as escolas estaduais menos estruturadas?
    Parece que os aplicadores da lei eleitoral levaram-na ao pé da letra e que se dane o resto. Afinal, deixar crianças e adolescentes sem aula por conta da véspera da eleição é exagerar na interpretação restritiva.

Deixe um comentário