Diálogos com a cidade

Eduardo Bastos Moreira Lima, numa das manifestações contra o estaleiro da OSX [Foto Celso Martins]

Democraticamente, como deve ser, abrimos espaço neste fim de semana para um representante do Movimento em Defesa da Baía Norte, o advogado Eduardo Bastos Moreira Lima, que apresenta as razões que levaram a organização não-governamental a posicionar-se contrariamente à implantação do estaleiro da OSX em Biguaçu.

Notícias do Dia – O Movimento em Defesa das Baías se julga vencedor no caso do estaleiro da OSX?

Eduardo Bastos Moreira Lima – O Movimento foi criado para promover um debate sobre o empreendimento, por conta do impacto e condução do mesmo. O resultado extra-oficial não pode ser comemorado, até porque, não houve vitória. O que se pretendeu, e continuará sendo buscado, é a implantação de um empreendimento inserido no contexto e que considere inúmeros vetores – e não apenas o interesse econômico de determinados setores.

ND – Vocês foram acusados, por alguns setores, de praticarem o chamado ecoterrorismo…

Eduardo – Os defensores do empreendimento usam esse tipo de adjetivo para desqualificar, mas não se manifestam sobre atos de poder, a exoneração de servidores públicos no exercício de suas funções, pressões de toda monta, estudo ambiental omisso. Portanto, se alguns buscam informações que não as fornecidas pela principal interessada (a empresa), isso é ecoterrorismo; quem as omite pratica o quê, além de crime contra administração ambiental?

ND – A defesa do meio ambiente implica em atitudes mais radicais, de enfrentamento mesmo?

Eduardo – Não creio que radicalismo seja algo positivo. Questionar de forma embasada o procedimento licenciatório e, de forma técnica, os estudos desenvolvidos – através da junção de saberes diversos, respeitando a opinião de diversos setores –, não é radicalismo, é exercício da cidadania.

ND –Vocês participam também do movimento contra a fosfateira em Anitápolis?

Eduardo – Falo como advogado da entidade que moveu a ação civil pública, que resultou na suspensão judicial da licença ambiental prévia concedida pela Fatma. Lá como cá, a omissão dos estudos e a pressão para licenciar poderiam ter resultados adversos à sociedade. Já são sete os municípios que ingressaram na ação, além de entidades empresariais.

ND – Qual a discussão fundamental sobre a fosfateira?

Eduardo – Implantar ou não em bioma de Mata Atlântica, berço de nascentes que abastecem a população, uma mineração associada à implantação de uma fábrica de ácido sulfúrico. É economicamente obter a seguinte resposta: o que vale mais hoje e o que terá mais valor no futuro? Água ou fosfato?

Pane

O prefeito Dário Berger disse em entrevista a uma emissora de TV que o transporte marítimo não é implantado por conta da “inviabilidade econômica”, porque “liga o nada a lugar nenhum”. Como é triste ouvir isso, ainda mais quando se sabe que essa será, em seu tempo, a melhor solução para a mobilidade urbana.

Parceria letrada

Programa Floripa Letrada, da prefeitura de Florianópolis, ganhou a parceria da Câmara Catarinense do Livro. Além da CCL, apoiam a iniciativa as bibliotecas da UFSC, livre do Campeche e pública estadual, as livrarias Catarinense, editora Garapuvu, sebo do Marcelo e sebo do Lima.

Lenda do rádio

Uma das lendas do rádio catarinense, com marcante atuação profissional há 66 anos, Souza Miranda é tema do trabalho de conclusão de curso (Jornalismo) dos estudantes Alexandre Rosa e Fabiano Peres, da Estácio de Sá. Apresentação será na quinta-feira, às 19h30.

A chave

O delegado federal Ildo Rosa, em entrevista à Rádio Guarujá, enfatizou: o consumo é responsável pelo crescimento da indústria das drogas. Aliás, tal afirmação coincide com a campanha que o Grupo RIC colocou no ar há dois meses. Enquanto o consumo cresce, a bandidagem faz a festa – aqui, no Rio e em qualquer lugar.

Não é parquinho

Usuários das academias ao ar livre que estão se espalhando pelas praças da cidade não estão levando a sério o alerta dos patrocinadores de que os equipamentos não são recomendados para crianças. Dependendo do horário, as academias transformam-se em verdadeiros parquinhos infantis, com as crianças brincando perigosamente nos equipamentos de ginástica, muitas vezes calçando chinelos de dedo, e não tênis, como é aconselhável.

Monstros

Gabriel Vanini esclarece, sobre foto publicada aqui outro dia: “‘Cuidado, monstros atrasados’ nada mais é uma menção aos carros e seus motoristas mal-educados em nossa Capital. Infelizmente sofremos da saturação além da péssima mobilidade urbana. Quem fica na fila fica aborrecido, e falta com o respeito com os pedestres. É como andar pra trás. Vamos a pé ou de bike, e cuidado com os monstros”.

Beto revivido

Estudantes Fernando Guedert e Camila Stuart, da Estácio de Sá, mergulharam fundo na história de Beto Stodieck, nosso melhor e mais descolado colunista em todos os tempos, falecido há 20 anos. Os futuros jornalistas vão apresentar o documentário à banca de professores no próximo dia 8. E já fica aqui a sugestão para que eles compartilhem o vídeo com o mundo (via web.

Contrassenso

Bem lembrado pelo leitor Tadeu Harmonia: o Dia de Santa Catarina, assinalado em duas datas (11 de agosto e 25 de novembro) não merece comemorações festivas por parte do poder público. Ao contrário da Semana Farroupilha, que nada tem a ver com Santa Catarina: consta da programação oficial de inúmeros municípios.

Cultura

Merece o engajamento da cidadania: no dia 1º será votada na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa o projeto de emenda constitucional, de autoria da deputada Angela Albino (PCdoB) e do deputado Padre Pedro (PT), que destina 1,5% do orçamento do Estado para a cultura. “É hora de tratar a cultura como política de Estado”, enfatiza Angela.

Carlos Humberto

Historiadora Sara Regina Poyares dos Reis lamenta a morte de Carlos Humberto Pederneiras Corrêa, ocorrida na quinta-feira: “Sempre batalhamos juntos e rimos muito, pois Carlinhos, como sempre o chamei, era bem-humorado, gozador, uma figura que sabia ser engraçada na hora certa. Lutou como ninguém pelo nosso Instituto Histórico e Geográfico”.

* * *

Completa Sara Regina: “Mas Carlos Humberto, como Lauro Junkes, não verá seu sonho realizado: a inauguração do novo prédio onde funcionará o IHGSC e a Academia Catarinense de Letras. Estou muito chocada pela perda do grande amigo”.

10 comentários sobre “Diálogos com a cidade

  1. Floripa não merecia Dário, mas…
    Será que num dia não muito distante poderemos desenvolver sem apenas visar o lucro?
    quanto o assunto drogas, quem a financia (consumidores) possuem alto poder aquisitivo e “posição social”.
    abs.

  2. Gostaria de saber se esses grupos que foram contra a instalaçao da empresa em Biguaçu vao protestatar e achar uma soluçao com o mesmo afinco , para o esgoto que e despejado diretamente na baia norte e invasoes na beira da baia , que no meu entender sao areas de preservaçao .

  3. Tadeu, você pegou pesado nesse seu comentário??? Basta sair na mídia algum ESCLARECIMENTO a população, sem acesso a tudo o que acontece nos bastidores, que sempre aparece alguém para tentar dispersar a conversa. Acredito que todos nós mesmos somos responsáveis pela destruição da Ilha de Florianópolis. Porque não tivemos a idéia de fazer um movimento em defesa da Ilha de Florianópolis, muitos anos antes deste em Defesa das Baías? Pelo o que entendi do que está escrito na matéria, este movimento só tem interesse em esclarecer a população e não fazer tumultos.

  4. Damião, esse advogado teria mais moral para criticar qualquer empreendimento se, primeiro, mostrasse o seu “habite-se”, uma vez que mora na Daniela e lá, como se sabe, já foi um grande banhado. Dá um tempo, né!

  5. Caro Tadeu.
    Seu comentário a respeito do movimento de defesa das baias…deve ser endereçado aos orgãos públicos de vigilância ambiental e sanitária. Se esses orgãos (Prefeitura) não as cumpre, cabe ai fazermos nossa representação contrária a isso e lhe convidamos para se associar conosco nesta sua questão ai levantada.

  6. sim businas sabado fugueirense
    businas
    domingo . carreata do avai
    niguem consegue dormir na av. beira mar norte
    haja saco
    paulo dutra

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