Papo cabeça com Manoel Nunes

Manezinho é doutor na luta contra o câncer

Manoel Nunes conserva o jeito simples de quem nasceu e viveu até a adolescência num meio que, à época, era inteiramente rural, o bairro do Córrego Grande. Por influência desse meio, cursou engenharia agronômica na Universidade Federal de Santa Catarina. Mas uma bolsa de estudos para ampliação dos conhecimentos – especialização em biotecnologia – levou-o a trabalhar com estudos genéticos do gado crioulo. Em 1989 foi para a França, onde cursou doutorado em ciência e genética molecular. Acabou se tornando um dos especialistas mundiais no estudo do genoma humano, trabalhando durante sete anos no Instituto Pasteur, em Paris. Naturalizado francês, trabalha atualmente em um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, o Sanifi, especificamente em pesquisas relacionadas ao tratamento de câncer. Vem a Florianópolis uma vez por ano, para visitar os familiares, matar a saudade do Avaí e dos amigos, além de respirar um pouco do que restou da beleza rural e da pureza manezinha do Córrego Grande.

Você deixou Florianópolis para estudar e se tornou um cientista de renome internacional. Qual sua descoberta mais importante?

Manoel Nunes – Descobri um gene envolvido em câncer – denominado NSPC1, quando ainda trabalhava no Instituto Pasteur. Essa descoberta foi fundamental para a evolução das pesquisas e tratamento do câncer. Hoje, no laboratório Sanifi, atuo em pesquisas e desenvolvimento de novas terapias para tratar essa doença.

Os tratamentos evoluíram bastante nos últimos anos?

Manoel Nunes – Basicamente, buscamos identificar os genes que são alterados nas células cancerosas e qual o remédio – tratamento – específico, que vai direto ao ponto, diminuindo a toxicidade e os efeitos colaterais. De forma bem simples: estamos entendendo cada vez mais o que é a doença e criando tratamentos cada vez mais específicos, potentes e eficazes.

Radicado na França, mas com alma manezinha. Como é essa rápida volta às origens?

Manoel Nunes – Uma grande emoção. Venho uma vez por ano. Este ano, pela primeira vez em 22 anos vividos na França, vim no Carnaval. Assisti aos desfiles na Passarela Nego Quirido. E lembrei que quando o Consulado ainda era bloco, na década de 1980, toquei em sua bateria.

E o Córrego Grande?

Manoel Nunes – É o centro do mundo. Tem muita gente nova morando no bairro, mas elas incorporam nosso jeito de ser. No Córrego Grande estão minhas raízes, os pais, os irmãos, os amigos de infância. No Carnaval, nos encontramos num bloco, o Cachoeira.

O que mais de provoca saudade – ou lembranças – de Florianópolis?

Manoel Nunes – As pessoas. A simplicidade, a generosidade e a disponibilidade das pessoas. Assusto-me com o ritmo do desenvolvimento da cidade, desordenado, sem planejamento. A cidade é muito linda e tem que ser cuidada. Acho que é preciso coragem política para tomar posições, preservar o patrimônio para nós e para as gerações futuras. Tem que cuidar das pessoas também.

O que precisa melhorar na Capital?

Manoel Nunes – Um dos maiores problemas da cidade é a mobilidade. Mas é porque as pessoas usam muito o carro. Precisamos pensar em soluções para o futuro, para 20 ou 30 anos, como os chamados “veículos leves sobre trilhos”, um meio de transporte mais moderno, limpo, eficaz. Outra questão é o tráfico de drogas, que, apesar do combate policial, ainda é muito tolerado pelas autoridades. As pessoas negociam drogas nas ruas. É preciso combatê-las, porque as drogas tiram a liberdade das pessoas.

Cinema francês

Dois filmes franceses que merecem ser assistidos neste fim de semana, no Paradigma Cine Arte: o suspense A Chave de Sarah, um drama intenso sobre uma criança vítima da perseguição aos judeus promovida por Hitler durante a ocupação da França. Para compensar as emoções do suspense, o cinema também apresenta a comédia As Mulheres do Sexto Andar, que aborda de maneira simpática a diversidade entre espanhóis e franceses, ambientada na bela Paris de 1960.

Sem testes

O teste da Avenida Poeta Cláudio Alvim Barbosa (Beira-mar Continental), programado para começar na última terça-feira (28), foi suspenso. O prefeito Dário Berger preferiu adiar a operação experimental da avenida para a semana de aniversário da Capital. Significa dizer que ele vai mesmo inaugurar a via antes do fim deste mês.

Prosa em dia

Cláudia Alvim Barbosa e a mãe, dona Ivete, respectivamente filha e viúva do poeta Zininho, numa pausa para o lanche, no Café Sorrentino, onde a cidade se encontra. Além de funcionária pública, Cláudia seguiu o caminho do pai na área musical.

Alguma bronca?

O Procon estadual está organizando a Rua do Consumidor, que funcionará, com diversos serviços relacionados aos direitos da cidadania, na Rua Victor Meirelles, entre os dias 13 e 15 deste mês – este último é o Dia Internacional do Consumidor. Estarão presentes Procons municipais de Chapecó, Joinville, Palhoça e Tijucas. O de Florianópolis não consta da programação. Alguma bronca estadual com o Procon da Capital?

Disputa desleal

Uma ciclista atropelada e morta na Avenida Paulista (São Paulo), na sexta-feira (2), reabre a discussão sobre a fragilidade das bicicletas frente ao trânsito pesado das nossas cidades. É uma disputa desleal, não há como defender “trânsito misto” de automóveis e bicicletas nas vias urbanas, num país em que os motoristas não têm civilidade para respeitar pedestres e ciclistas.

Bravos cidadãos

Não vai ser fácil, para a escassa minoria de deputados que defende a mudança do Hino de Santa Catarina, enfrentar a fúria dos que não querem qualquer alteração num dos nossos símbolos sagrados. Melhor fariam esses deputados se apresentassem um projeto para estimular a execução e interpretação do hino nas escolas, como era feito nos meus tempos de curso primário.

* * *

Que outro hino brasileiro tem versos tão extraordinariamente belos e verdadeiros como estes: “E nesta grande Nação / É cada homem um bravo / Cada bravo um cidadão”.

Um comentário sobre “Papo cabeça com Manoel Nunes

  1. Caro Jornalista, referente a matéria de sua coluna de hoje 03//3, com o título ALGUMA BRONCA? Quero esclarecer que não existe nem uma bronca do Departamento Estadual de Defesa do Consumidor – PROCON/SC contra o PROCON MUNICIPAL DE Florianópolis, temos no estado 64 Procons Municipais, e todos estão convidados para participarem da Rua do Consumidor.
    Na Rua do Consumidor teremos somente 7 stander, onde participarão CIDASC, VIGILANCIA SANITÁRIA, IMETRO/SC, CELESC, CASAN, CONSELHO ESTADUAL DE COMBATE A PIRATARIA, e 04 Procons municipais em 2 standers, sendo que o PROCON CHAPECÓ estará representando a região do extremo oeste, oeste e meio oeste, o PROCON JOINVILLE estará representando as regiões norte e nordeste do estado, o PROCON PALHOÇA como o Procon mais antigo do estado, o qual tem 23 anos de existência, e o PROCON TIJUCAS como o Procon municipal mais novo, com menos de um ano de existência. Houve critérios os quais foram aprovados em reunião com os Procons Municipais.
    Atenciosamente,
    Elizabete Luiza Fernandes –
    Diretora Departamento de Defesa do Consumidor – PROCON/SC

Deixe um comentário